Mundo
Guia para bater na mulher
5/4/2012
Por Pedro Marta SantosPuxa a tua mulher pelas orelhas e bate-lhe com a mão. Ou com um siwak [espécie de escova de dentes em madeira].” É um dos conselhos de A Gift for Muslim Couple (Prenda para casal muçulmano), guia matrimonial islâmico escrito pelo académico Maulavi Ashraf Ali Thanvi. Disponível em várias lojas muçulmanas online, e até há poucos dias no eBay, o livro esgotou numa livraria canadiana pouco depois de um jornalista do Toronto Sun o ter encontrado à venda.
De acordo com algumas interpretações radicais do Corão, a violência doméstica sobre as mulheres é permitida e até incentivada pela sharia, lei religiosa islâmica. Mas um livro de conselhos maritais é uma novidade.
Tudo depende da forma como os académicos e juristas muçulmanos interpretam o verso 4.34 de uma das 114 suras (espécie de capítulos) do Corão. Nele, afirma-se que quando a mulher provoca problemas maritais, deve ser advertida, afastada da cama e, em última instância, “idribu”. É esta última palavra que gera a polémica. Onde os moderados lêem evitada ou afastada (eles acreditam que Alá condena a violência), os radicais interpretam espancada.
Publicado pela Idara Impex, editora indiana de Nova Deli, o livro sugere que não se bata na cara e não se deixe marcas nas mulheres. A Gift for Muslim Couple tem 160 páginas e destina-se a ajudar a “gerir com sucesso a instituição do casamento”. A noção de “sucesso” é explicada logo no início: “O marido deve tratar a sua mulher com carinho e amor, mesmo que ela tenha tendência a ser por vezes lenta e estúpida.” Se insistir nessa atitude, “pode ser necessário refreá-la à força, e ameaçá-la”. Entre os deveres da mulher citados no livro estão a necessidade de pedir “autorização” ao marido sempre que sai e a obrigação de “se pôr bonita para ele”.
Relativamente aos castigos físicos, há algumas regras: não se deve bater na cara ou de forma a deixar marcas no corpo. E a agressão “não deve ser muito violenta”.
Segundo o Daily Mail, o guia tem causado indignação entre os muçulmanos moderados, que protestam contra o “incitamento à violência” que ele contém.
Em 2011, o UNIFEM (Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher) revelou que há mais vítimas femininas de violência doméstica na Turquia do que em qualquer outro país europeu. Um levantamento do próprio Governo turco admite que 41,9% das mulheres são submetidas a violência física e sexual.
o link http://www.sabado.pt//Multimedia/FOTOS/Mundo/Fotogaleria-10-(1).aspx?id=470689
Meu comentario a serca disso:
Antes eu ficava espantada e indignada mas desde que eu fiquei a saber de onde aparecem estas ideias retardadas por parte de alguns chamados de muçulmanos eu já nem ligo.
Realmente cada um interpreta as coisas de acordo com o que lhe convém. Para alem do mais, no ocidente nem é preciso justificarem o espancamento de mulheres com textos sagrados, apenas o fazem.
E neste caso.... incrível como o ser humano sempre arranja uma forma de justificar as suas tendências psicopatas.
Any way
O que me incomoda é que sempre que falam de muçulmanos só mostram fotos e vídeos de mulheres de niqab, burqa, hijab... nada contra, eu mesma uso hijab. Mas isso só dá corda aos ignorantes de pensarem que as mulheres são oprimidas e obrigadas a força a usar véu.
(57 países muçulmanos, no máximo 4 obrigam as mulheres a usar o véu, 2 países obrigam as mulheres a não usar o véu, e nos restantes países o seu uso é opcional).
Em relação a Turquia.... Os muçulmanos praticantes não passam dos 66% (dados concretos) e ainda tem mais 14 religiões diferentes. Realmente há muita prostituição lá e muito trafico de mulheres para o mesmo serviço. Mulheres estrangeiras e nativas. Assim como em outros países pela Europa que praticam escravatura sexual feminina e ninguém faz nada. (Acho que há um filme sobre isso que que foi um escândalo, pessoas de poder no meio e por isso não se salvou as meninas.)
Tirando o facto que na Turquia o uso do véu é proibido em vários estabelecimentos, inclusive de ensino. E algumas mulheres jovens andam na rua com a moda do semi nu. Mas isso como em todo o lado já virou habito.
Embora tudo isso ainda guardam tradições. Sem tradição e costumes um país fica destruído.
Para QUEM FALA PORTUGUÊS: *** INDICE / INDEX!!!!!!!!!http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=2849107580005796836#editor/target=post;postID=2857897369636083513
Agressão a Mulheres é Permitida no Islam? - Sobre o Verso (4:34)
Este texto clarifica os conceitos errados criados pela má tradução das palavras do Qur'an para várias línguas e a má interpretação que resultou disso. O verso em questão está traduzido para a língua portuguesa como o seguinte:
"Os homens são os protectores das mulheres,
porque Deus dotou uns com mais (força) do que as outras, e pelo o seu sustento
do seu pecúlio. As boas esposas são as devotas, que guardam, na ausência (do
marido), o segredo que Deus ordenou que fosse guardado. Quanto àquelas, de quem
suspeitais deslealdade, admoestai-as (na primeira vez), abandonai os seus leitos
(na segunda vez) e castigai-as (na terceira vez); porém, se vos obedecerem, não
procureis meios contra elas. Sabei que Deus é Excelso, Magnânimo."
(4:34)
Em inglês, este está traduzido de uma maneira mais forte ainda, mencionando o termo "bater" ou até "espancar". Assim, vejo-me obrigada a reunir provas e traduzir conteúdo importante que ajude a desmistificar esta alegação tão perpetuada pelos não muçulmanos e até muçulmanos.
O Tratamento das Mulheres no Islam
O Profeta Muhammad (salAllahu 'alayhi wa salam) diz-nos que Allah disse: "Antes da criação do universo, Eu proíbi-Me de oprimir e odeio quando alguém oprime".
Precisamos então perceber a razão pela qual o Islam foi revelado no tempo e lugar onde este surgiu:
No Islam, tudo é sobre tratamento/cuidado; como tratamos do nosso Senhor; como tratamos o Seu Mensageiro; como nos tratamos a nós próprios; como tratamos a nossa família; como tratamos os outros; como tratamos o nosso ambiente – é tudo sobre como interagimos e reagimos.
Devemos ter em mente a condição das pessoas que não tinham qualquer orientação de Deus Todo-Poderoso e como elas se desviaram bem longe da mensagem que veio com Adão, Abraão, Moisés, Jesus e outros grandes profetas, que a paz esteja com eles todos.
A mentalidade ignorante e egoísta que permanecia em todas as terras árabes antes do Islam não permitia às mulheres até os direitos mais básicos e o tratamento para com as mulheres era repugnante. As mulheres eram tratadas como propriedade, até inferior a gado. Elas eram negociadas como mercadorias ou tomadas como esposas sem o seu consentimento ou consideração pelos seus sentimentos (ver artigo Casamento Forçado?). Os costumes das pessoas nesse tempo eram bem longe de tudo o que poderemos imaginar hoje.
As afirmações no Qur'an sobre o tratamento das mulheres vieram a melhorar a condição destas e elevar o seu estatuto a um nível balançado ao lado dos homens. O Islam veio para mudar os corações das pessoas e mostrar-lhes a maneira correcta de adorar Allah e de interagir entre si.
Transliteração do Verso em Questão
Ar-rejalu qawwa muna 'alan-nisa'a bima fadhdhallahu ba'dhahum 'ala bi'dhi wa bima anfaqu min amwalihim. Fas-saliHatu qaintat HafaTHatul-lilghaybi bimaa HafiTHal-lahu, wal-lati takhafuna nushuza hunna fa'idhuu hunna wa hjaruu hunna fiil-lmadha ji'i wadhribu hunna. Fa'in aTa'nakum flaa tabghuu 'alayhinna sabiilan. Innal-laha kaana 'aliyaan kabiira(n).
O tafsir (explicação ou comentário de versos do Alcorão) deste verso (4:34) de acordo com alguns sábios é o seguinte:
"Os homens são o apoio das mulheres, pois Deus dá a alguns mais capacidades do que a outros, e porque eles dão da sua riqueza (para as sustentar). Então as mulheres que são virtuosas, são obedientes a Deus e guardam o oculto (das vistas dos outros) como Deus o guardou. Em relação a mulheres que têm um comportamento contrário, falem com elas com boa persuasão, deixem-nas sozinhas na cama e deem-lhes uma palmadinha (como um doutor dá a uma paciente – levemente), se elas abrirem o seu coração a vós, não procurem qualquer meio para as culpar. Por certo, Allah é Sublime e Magnífico."
O Significado das Palavras
As palavras fa'izu, wahjaru e wadribu, foram traduzidas neste tafsir como "falem com elas com persuasão", "deixem-nas sozinhas (na cama – fi'l madage')" e "dêem-lhes uma tapa", respectivamente.
Fa'idhu (usar discurso persuasivo ou admoestação)
Esta palavra implica que o primeiro passo a dar deve ser fazer claro a elas com conversa directa, a posição em que elas estão e o que é requerido para se obedecer aos ensinamentos do Islam. Este passo pode ser repetido até ela compreender, estar disposta a consentir e voltar ao comportamento que é esperado de uma mulher muçulmana.
Hajara – hjaru (não tocar ou incomodar)
Esta palavra significa separar corpo de corpo, e é de notar que a expressão "wahjaru hunna" metaforicamente significa abster-se de as tocar ou incomodar. Zamakhshari (um autor de tafsir) é mais explícito no seu Kshshaf quando ele diz "não entrem dentro dos seus lençóis".
Dharaba -dhribu (dêem uma palmadinha leve, como em percussão, não significa bater)
Esta palavra significa dar uma leve palmadinha. Este ponto de vista é reforçado pelos ahadith do Profeta (salAllahu 'alayhi wa salam) relatados em vários livros, incluindo Bukhari e Muslim:
"Poderiam alguns de vós bater na sua esposa como
se batesse num escravo, e depois deitar-se com ela à noite?"
"Nunca batam nas servas de Allah" (Abu Dawud,
Nasa'i, Ibn Majah, Ahmad Ibn Hanbal, etc.)
"O melhor de vós é aquele que é melhor para com a
sua esposa, e eu sou o melhor de vós para com as minhas esposas" (At-Tirmidhi,
3895; Ibn Majah, 1977; classificado como sahih por Al-Albani em Sahih al-Jaami,
3314).
No passado, alguns tradutores deste verso usaram erradamente a palavra "bater" para representar a palavra "dharaba" em árabe. Esta não é a opinião de todos os sábios ou daqueles que compreendem bem o Islam e a língua portuguesa e inglesa.
Outros tradutores ofereceram palavras como "pancadinha" e "palmadinha" para representar um tipo físico de admoestação. Enquanto sendo mais aceitável do que as palavras "bater" ou "espancar", estas palavras mesmo assim não mostram a posição e uso de tais termos em relação ao primeiro verso e a conexão à seguinte passagem, na qual as claras instruções lidam com as mulheres que não se comportam. Logo, esta deve ser considerada como "uma tapa dada por um doutor a um paciente".
Nós entendemos disto que algumas traduções não estão a representar correctamente o espírito do significado. Assim, elas não podem ser consideradas como representantes do que foi pretendido por Deus Todo-Poderoso.
Agora podemos perceber correctamente que Deus Todo-Poderoso ordenou aos homens sustentar as mulheres e a permiti-las guardar todas as suas (das mulheres) riquezas, herança e salário sem exigir qualquer coisa delas para ajuda e sustento. Adicionalmente, se ela é culpada de obscenidade ou conduta indecente, o marido é ordenado a admoestá-la primeiro, e então ela deve parar com este comportamento. No entanto, se ela continua com esta indecência, então ele não deve partilhar a cama com ela (ele dorme noutro lugar), e isto deve continuar por um tempo. Finalmente, se ela se arrepender, então ele partilhará a cama com ela outra vez.
O Dr. Jamal Badawi (St. Mary University, Nova Scotia) é da opinião de que estes três passos são passos a dar necessários antes do divórcio. Em vez de um homem dizer "Eu divorcio-me de ti" três vezes seguidas, ele deve seguir este procedimento antes de agir apressadamente e fazer algo imprudente e desagradável a Allah. O primeiro passo seria como mencionado acima, ter uma "boa conversa" e se ela continuar com um comportamento desagradável, deixar a cama (não ter relações sexuais com ela) por um tempo e, finalmente, a última gota seria dar uma leve "palmadinha" no seu braço, para lhe mostrar que esta é a última gota e que se ela persistir com as suas más maneiras, ele pode divorciar-se dela.
Independentemente das várias posições e opiniões, não há permissão nos ensinamentos do Qur'an e da Sunnah de Muhammad, que a paz esteja com ele, que indiquem que uma pessoa pode "bater" noutra pessoa a seu próprio critério.
Quaisquer traduções do Qur'an que indiquem que os homens podem bater ou abusar das mulheres estão totalmente desconectadas da mensagem do Islam, do resto do Qur'an e dos ensinamentos de Muhammad, que a paz esteja com ele.
A mulher tem direito a pedir divórcio (khula') se o marido for abusivo verbalmente e/ou fisicamente. A seguir encontra-se um veredicto quanto ao assunto:
"Uma mulher tem o direito a pedir divórcio quando o seu marido a trata mal de maneira que ela não possa suportar nem ser paciente, ou se ele não cumprir com a sua obrigação financeira para com ela, ou se ele é alguém que participa em más acções – se ela pensa que deixá-lo está de acordo com o seu melhor interesse e protegerá a sua devoção ao Islam e a sua castidade."Fatwa de Shaykh Waleed al-Firyaan
Fontes utilizadas: IslamQA e Islam's Women
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